Ter filhos gémeos

ou mãe de duas crianças gémeas, um rapaz e uma rapariga, actualmente com oito anos, heterozigóticos, que é como quem diz, "falsos".
Certo dia a minha filha, tinha ainda 5 anos, chegou a casa quase a chorar porque não queria ser "falsa".
- Eu não sou falsa. Porque é que toda a gente diz que somos falsos?
Esta conotação, aplicada pelo senso comum aos gémeos de sexos diferentes trazia nesse dia uma carga negativa que me fez pensar.
Sempre me senti abençoada por ter tido, numa única gravidez, a felicidade de completar este ramalhete familiar com um menino e uma menina após onze anos de casamento sem filhos. Naquele dia a minha filha chorou por não querer ser "falsa" e tinha toda a razão. O que há de falso em ter nascido no mesmo dia, no mesmo momento, da mesma barriga, do mesmo amor, do mesmo pai e da mesma mãe, dois bebés que transformaram para sempre a vida de um casal.
Nada! Não há nada de falso!
- Tens razão filha, não és falsa e quem disser o contrário é porque é ignorante. Não és falsa, és heterozigótica. Respirou fundo, visivelmente aliviada por haver outra palavra que significasse ter um irmão da mesma idade e passou, a partir desse dia a ripostar com um pronto "HETEROZIGÓTICOS" sempre que alguém perguntava:
- São gémeos?...
Posted on 20:06 by Emília and filed under | 2 Comments »

2 comentários:

R.Joanna disse... @ domingo, maio 09, 2010

Concordo com a indignação de menina, que também já encontrei na designação de "meios-irmãos", por exemplo, para filhos de diferentes casamentos. Termos pejorativos que foram perdendo essa carga, felizmente.

Espaço muito agradável que tem aqui para se ir regressando, os meus parabéns.

ematejoca disse... @ sábado, maio 15, 2010

A conotação de "falsos" aplicada aos gémeos de sexos diferentes traz, sem dúvida, uma carga negativa, mas "HETEROZIGÓTICOS", não é um termo demasiado difícil para uma criança?